quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Devoluto

Fingir que não dói,
que não corrói,
que não destrói

Fingir sorrisos certos,
lábios abertos,
está tudo bem, tudo certo

Fingir que não me foi derradeiro
Aquele dia primeiro,
amplo e tão verdadeiro
Mas que hoje me amarga a lembrança
fazendo ranger os dentes d"alma

E eu, impotente urjo esquecer o instante
em que minha alma na tua penetrou
Tentando sobreviver à rubra melancolia
Da sentença que aqui ainda reverbera:

- Ei! acalma-te, é bela a tua alma!
Jamais ficaria com aquilo que não é meu
Há de ter de volta tudo o que é teu -

E assim foi
no escarnio dum abutre sorriso,
que o teu braço se estendeu
e na mão, pela linha da vida
os lábios a minha alma assoprou

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