sábado, 28 de agosto de 2010

Escadarias para o paraíso

Surpreso, acordo sobressaltado as quatro da manhã,
Acendo todas as luzes, ouço e descubro que
“Stairway To Heaven” ainda me fragiliza.
Percebo que a canção insinua que algo não se acomoda
Na construção inconclusa que me tornei.

Ouvidos num par de headphones de alta potência
Perturbam-me os riffs de Mr Page,
A sua voz escarnecida sopra que a morte
Traça rotas impróprias
Enquanto as umidades nas paredes se entreolham assustadas.
Acendo um cigarro e dirijo o olhar no trajeto da fumaça
- Ela vai para o alto, sempre ruma para o alto -

Completamente insone
algo persiste em me dilacerar por dentro,
E então me pergunto
Quanto de extravagância houve em minhas quatro da manhã?
Quantas ilusões sonhei às quatro da manhã?
Quantos pedaços de mim foram desperdiçados
E reencontrados sempre às quatro da manhã?

Muitas vezes destrocei-me em noites entorpecidas,
Embriagadas de nostalgias.
Diante de devassidões que enodavam o que já  me era negro.
Será tão difícil extirpar-me do impuro
E separar o que possa haver de bom em mim?
Será tão intricado deixar-me de pactuar
Fraudulento e inexato?

“Ela está comprando uma escadaria para o paraíso”,
Canta Mr. Plant saudado por um coro de diversas gerações.

Talvez seja penoso aceitar que ainda possa haver escadas para mim.
Impreciso que sou,
Já fui tragado o suficiente no quebranto das milhares auroras
E pela insensatez que me oculta do plausível a que me impus
Eu não quero e não hei de fenecer
Ante o pranto gélido das quatro da manhã.

Me ajude Mr. Plant?

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