No dia de minha morte
Não me sufoquem em terra
Nem me ardam nas chamas
Não quero vento soprando partículas
Ou cinzas me importunando os olhos
No dia de minha morte
Apenas deixem-me lá, quieto, sereno
Olhos cerrados exaurindo os silêncios
Dum cântico sacro de lamentos fartos
Dum cântico sacro de lamentos fartos
Sentenciando saudade em boca amiga
No dia de minha morte
Desobriguem-me das coroas e paramentos
E removam todas flores que me contornam
Pois elas exalam perfumes de odores doces
E fracamente esses cheiros me incomodam
No dia de minha morte, talvez
As dádivas dum único e desmedido favor
Assim com as angústias revistam o caixão
Pois só eu sei que, sobreviventes de mim
Cúmplices, elas, jamais me deixaram só
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